
António Madeira
Francês de raízes portuguesas, António Madeira foi em busca do resgate da tradição do Dão Serrano. Pôs-se a recuperar e trabalhar vinhas velhas, que há alguns anos já não eram cuidadas. Vinhas essas que possuem uma composição peculiar, ou pelo menos nos parece nos dias de hoje. Não apenas porque são vinhas misturadas, muitas vezes com mais de vinte variedades na mesma vinha, inclusive com algumas brancas em meio às tintas. Mas porque elas são compostas de um encepamento que hoje já não é mais típico do Dão. Em vez de Touriga Nacional, Tinta Roriz e Alfrocheiro, essas vinhas têm predominância das variedades Negro Mouro (Camarate), Tinta Pinheira (Rufete), Tinta Amarela, Baga e Jaen. De acordo com suas pesquisas, suas vinhas bem refletem o perfil da região de 150 anos atrás. Em outras palavras, seu trabalho traz à tona um intervalo de 100 anos de história, que se estava a perder.
Suas pesquisas também trazem à tona que a tintureira Alicante Bouschet, conhecida pelos viticultores mais antigos da região como Tinta da Mina, já teve seu papel no perfil da região, mesmo que minoritário. Há ainda outras variedades raras, como a Tourigo do Douro, que seu trabalho salvou da extinção.